quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Conto

Sonho
Acordei sem nada hoje. Sem preguiça, sem dores nem preocupações só sentia a minha cabeça. Não estava enxergando nada e até tentei abrir os olhos mas não adiantou, mesmo assim ainda não via nada, demorou até que eu conseguisse voltar a ver. Levantei e andei pelo lugar, não via nada além de uma vastidão branca de absolutamente nada. Eu só podia estar sonhando.
Me sentei e procurei enxergar meus pés, estavam cobertos por uma espécie de meia branca. Tirei as meias e pude sentir que o chão era bem macio, dobrei as barras da calça que também era branca e procurei uma direção para seguir, levantei e andei na direção escolhida. Confesso que fiquei um pouco aborrecida, não é fácil andar sem paisagem, desejei ver uma árvore pelo menos uma árvore. Não encontrei a árvore, mas pude ver uma plantinha que de longe pareceu ter frutos. Enfim! Corri até ela, não eram frutos eram canetas! Nesse momento tive certeza de que estava sonhando. Que loucura! Mas por via das dúvidas, peguei a caneta.
Continuei andando até sentir que o chão não era mais macio, ao longo da caminhada tinha ficado mais firme e liso. Cansada, voltei a sentar, peguei a caneta e risquei o chão timidamente. Um e outro risco, quando dei conta já tinha me perdido no meio dos rabiscos.
Parecia uma criança tola e feliz, ninguém estava me vendo. Fiz desenhos, casas e sol, desenhei a árvore, várias árvores. Levantei para olhar a criação, vi que tinha feito a paisagem que desejava ter visto mais cedo. Satisfeita, continuei andando.
Já tinha tido a minha paisagem, o que queria agora? Tinha fome, então desenhei frutas e doces e tudo o que vinha à minha mente faminta. Quando levantei tinha um banquete.
Saciada continuei andando, andando. Desenhei, escrevi, ganhei presentes e flores, vi muita gente, assisti a filmes, viajei até países distantes e cheguei até onde foi possível até a caneta ficar sem nenhuma tinta... Agora não lembrava mais onde estava a plantinha, senti por não ter desenhado mais canetas, mas estava tão cansada que não consegui me reorientar. Peguei a caneta e, com o restinho de tinta que sobrou, tentei desenhar uma cama mas só foi possível uma almofada um tanto apagada. Me ajeitei da melhor maneira e dormi!
Acordei de novo. Agora era fácil ver e sentia todos os músculos do meu corpo, alguns doíam. Quanto será que eu tinha dormido? Já estaria atrasada? Onde estava o relógio? Será que chegou a despertar? Me acalmei e reorganizei os pensamentos, não sentia mais a minha cabeça. Levantei bem rápido, tão rápido que tropecei no tapete e bati dedo do pé frio numa quina de qualquer móvel. É , agora com certeza não estava mais sonhando!

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